- Bença, Mamãe.
- Deus te abençoe, filha.
Na sequência beijos, abraços e fartura de um amor gostoso, inquestionável e muito especial.
Ela me olha da cabeça aos pés, avalia rapidamente e diz.
- Você está abatida, parece que está muito cansada. E continua: - Cajuína geladinha é muito bom para hidratar e revigorar as forças.
Rapidamente, ela vai a cozinha, abre a geladeira, coloca cajuína nos copos. Antes de levar a bandeja lembra que tem suco de umbu, acrescenta a jarra do suco na bandeja e serve a todos com muita satisfação. E diz:
- Apenas um copo é insuficiente, tome pelo menos dois, afirma com convicção.
Que fartura de mãe.
A conversa prossegue e ela afirma:
- Eu já fiz o lanche da tarde. Sabia que vocês vinham e por isso preparei tapioca de goma, carne assada e café com leite. Tá tudo arrumado na mesa da cozinha.
Que fartura de mãe.
Os meus pensamentos ficam baralhados entre as recomendações da nutricionista, o cheiro do café quentinho e da carne de leitoa assada que exalam lá da cozinha. Ademais, é nesse ambiente da casa onde moram os perigos da fartura. Fazer o que? Não posso decepcioná-la.
No banquete posto há muito mais do que aquilo que ela anunciou. Melancia da roça bem vermelhinha, doce de leite e de caju, seriguelas amarelas e suculentas, bananas amarelinhas, cajus maduros e cheirosos.
Que fartura de mãe.
Eu não resisto a tanta coisa gostosa e lá se foi o sacrifício de 15 dias de dieta.
A calmaria da bicharada anuncia que a noite está chegando. Na varanda da casa, nos balançamos nas redes macias e conversamos sobre diversas coisas. O diálogo é bem humorado e animador, há uma fartura de bons sentimentos, entre eles: afetividade, acolhimento, alegria, entre outros.
De repente, como se ainda fosse possível, o cheiro de frango caipira e de arroz torrado no alho exalam da cozinha e mais uma vez embaralha os meus pensamentos.
Lá da cozinha ela grita:
- Venham jantar. É frango com arroz e pirão. Parece que está bom, vocês precisam se alimentar bem.
Que fartura de mãe.
Não é possível resistir e mais uma vez nos esbaldamos nas delícias que ela preparou com muito carinho.
Na despedida, mais beijos, abraços ofegantes de saudade, muitas recomendações e desejos divinos de saúde, proteção e prosperidade. Fartura de um amor maravilhoso, gostoso e indecifrável por meio de palavras. Antes de saímos no portão ela chega com uma cesta recheadas das gostosuras que produz: doces, geleias, cajuína e muitas frutas.
Que fartura de mãe.
Dona Fransquinha é uma mulher de muitas qualidades. É forte, amorosa, dedicada, determinada, acolhedora, entre tantos outros atributos, é farta em sentimentos bons, uma fartura de mãe.
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